Hoje recuei alguns anos e fui em busca de pedaços de mim que fui deixando no mundo da Internet, quando ainda nem se falava em blogs.
Nas minhas memórias que não são perdidas no tempo, mas apenas adormecidas, para serem acordadas sempre que a necessidade se impõe, fui encontrar frases, conceitos, ideias e debates que são sempre actuais.
Penetrei no passado e perdi-me em leituras de outros tempos, anos.
Talvez a época em que acreditava piamente que o ser humano não era tão mesquinho como tenho vindo a conhecer.
Não foi assim há tanto tempo. Regressei ao passado de Março de 2002.
Sempre um pouco utópica mas, em simultâneo, com os pés assentes na terra, tentava não acreditar que fosse possível o ser humano poder preocupar-se mais com questões sem importância real, e menos com as essências da vida.
Acreditem, essa minha utopia ainda não desapareceu.
Mesmo que me depare todos os dias com a tal mesquinhez embrutecida por esta selva, até aqui na blogosfera, ainda acredito nas pessoas de bem.
E existem algumas dessas pessoas com as quais tenho o prazer de conversar e de considerar como amigas.
Em determinada altura, nesse tal fórum, comecei a falar de Mudanças de Personalidade que ocorrem no ser humano, e que chamamos vulgarmente de Máscaras. Talvez este seja mesmo o termo mais adequado.
E dir-me-ão vocês: e quem não usa uma máscara no seu dia a dia?
Também é verdade. Não deixamos de as usar sempre que disso necessitamos.
Não acredito numa pessoa que me diga: eu não uso qualquer máscara.
Como forma de defesa, escondendo fragilidades, sim. Não com o intuito de enganar a fim de deturpar verdades.
Mas, nem era bem a isso que me referia na altura em lancei tal tema a debate. Mas, sim à questão da mudança de personalidade para a adequar a alguém ou a algo determinado.
E dizia eu quanto a isso que, um dia, a máscara acaba sempre por cair e a verdadeira personalidade revela-se por debaixo da tal face que antes se mostrava límpida.
Quem me conhece desde há dois anos atrás dos fóruns do Sapo, lembrar-se-á deste tema que gerou alguma controvérsia.
Pegando nesta questão e aplicando-a agora e ao que tenho vindo a conhecer também aqui, na blogosfera, vejo que continuamos a ver e a descobrir máscaras.
Mas, estas caem com tanta facilidade que logo nos deparamos com a verdadeira face das pessoas que, de forma mesquinha, se preocupam demasiado com o que os outros fazem - se cantam, se dançam, se amam, se se deitam para a esquerda ou para a direita, se comem em pé ou sentados; pessoas que se deveriam preocupar um pouco mais com a sua própria vida e não perder tempo em busca de algo para tentar atingir o seu semelhante.
E eu pergunto-me: o que ganham com isso?
Pergunto ainda: porque não fazem da blogosfera um local de lazer em vez de um espaço de competição?
Porque não deixam a selva lá fora quando se sentam em frente a um computador e vêm conviver virtualmente com pessoas que nem se incomodam se escrevem, se pintam, ou se se mascaram de palhaços? Sim, mascaram de palhaços. Porque os palhaços de profissão usam uma máscara de riso quando, por vezes, choram, porque disso necessitam como o seu ganha-pão.
Porque insistem em fazer também da Internet, um espaço de guerra, em vez de um local de paz, riso e descanso?
Será por não lhes restar mais nada?