Cabelos doirados, ondeados, alados, por Nilo Aparecida Pinto Mas tu... tu não sentirás os meus cabelos deslizando pelo teu corpo, os meus cabelos castanhos, ondulados compridos, vestidos de amor...
Que tecem coroas, com fios de sóis ...
Às vezes, pintados, cortados, trançados;
Às vezes, em cachos, anéis, caracóis...
Cabelos que espalham carícias, delícias...
Que medo que eu tenho de, um dia, perdê-las ! ...
Cabelos que eu vejo, que eu beijo, desejo,
Caídos, compridos, vestidos de estrelas . . .
Cabelos que lembram falenas serenas,
Bailando, brincando, vogando, ao luar . . .
Cabelos mais loiros que os loiros tesoiros
Dos raios solares, suspensos no ar...
Cabelo que as jóias constelam, estrelam,
Com flavos rebrilhos de céus tropicais...
Cabelos que trazem mais oiro nos cachos,
Que os régios penachos dos fulvos trigais. .
Cabelos de Fada de alguma balada . . .
Cabelos painentos! . . . Eu amo - ai de mim !
A criança que trança e retrança essas tranças
E tem os cabelos doirados assim...
Cabelos doirados, ondeados, alados,
Que tecem coroas, com fins de sóis...
Às vezes, pintados, cortados, trançados;.
Às vezes, em cachos, anéis, caracóis...
(Antologia da Nova Poesia Brasileira
J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948 )
Tu não sentirás o seu perfume, não fecharás os olhos ao sentires uma madeixa suave no teu rosto...
Não brincarás com as ondas do meu cabelo, com o entrançar que com eles faço.
Não poderás nunca a mão neles passar, nem os dedos por eles deixar entrar...
Não, a ti não te será permitido tal deleite...
Os meus cabelos permanecerão longe dos teus olhos, dos teus dedos, dos teus lábios, do teu corpo
Os meus cabelos, apenas meus continuarão...
O vento que agita os meus cabelos mudou de direcção...
Eu mudei de rumo...
Parti...
Anjo do Sol